Viagem de Kombi

Baunilha quebrada, 10 dias de atraso na viagem e novos amigos hermanos

Por em 25 de abril de 2016

Foram 10 dias parados, um prejuízo de 11.500,00 pesos, meia dúzia de novos amigos e muita história pra contar. Estávamos super felizes por estar finalmente chegando próximo à Ushuaia, era uma sexta-feira fria mas ensolarada. Quando saímos de Caleta Olivia avistamos uma mancha marrom na beira da praia e paramos para ver o que era, para minha alegria (que vim falando disso o caminho todo) eram muitos lobos marinhos. Eles eram em mais ou menos cinquenta, de todos os tamanhos possíveis e estavam ali bem diante dos meus olhos, dava até para tocar neles se eu quisesse, pudemos ficar ali bem do ladinho deles observando em pleno habitat natural sem pagar nada.

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Nosso dia havia começado perfeito e a estrada estava como sempre, vazia de carros e cheia de Guanacos para admirar. Saíamos de Caleta Olivia com direção a Puerto San Julian, que são aproximadamente 350 km de distância, a ideia central era dormir em Puerto San Julian e seguir viagem no dia seguinte mas infelizmente isso não foi possível. Faltava aproximadamente 50 km para chegarmos ao nosso destino quando ouvimos um barulho muito alto no motor, paramos imediatamente e o Jefferson foi ver se não tinha nada solto ou algo do tipo, aquela altura ele já imaginava o que tinha ocorrido, mas não quis acreditar no pior e seguimos com cautela até a cidade.

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Acordamos no dia seguinte e fomos até o mecânico indicado pelo frentista do posto em que paramos, chegamos no mecânico e explicamos o que havia acontecido, ele deu uma olhada no motor , escutou o barulho e nos deu a pior notícia de todas, o motor tinha fundido. Ele nos deu a relação de peças que deveríamos comprar e deixou claro que na cidade não existia lugar algum para conseguirmos essas peças.

Passado o nervoso e a revolta fomos novamente até o posto de gasolina usar a internet e tentar o mais rápido possível achar uma solução para o enorme problema. Estávamos muito longe de casa, em uma região super afastada, cidade pequena, dinheiro curto e tudo de pior que podíamos imaginar. O nosso desespero era tanto que até pensamos em mandar a Baunilha para o Brasil de caminhão cegonha e desistirmos da viagem indo embora de ônibus. Depois de pensarmos um pouco mais e avaliar os custos resolvemos que íamos pedir as peças do Brasil e esperar parados no posto de gasolina os aproximadamente 15 dias de prazo. O pai do Jefferson correu atrás de tudo no Brasil para tentar nos mandar as peças, mas precisava da medidas do motor e isso só era possível abrindo o motor.

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Voltamos na oficina em plena sexta-feira e explicamos tudo de novo pro mecânico, que pediu para que voltássemos sábado pela manhã para desmontar o motor e ver o que realmente iria ser necessário. Passamos o dia todo na oficina, comemos um lanche feito na oficina mesmo e finalmente descobrimos o que tinha acontecido.

O motor não tinha fundido, estava em bom estado mas havia uma peça partida ao meio, o virabrequim (chamado de cinguenal na Argentina). Essa peça é de ferro fundido e praticamente impossível de quebrar, ainda mais em uma kombi a 80 km/h. Ninguém conseguiu entender o que havia acontecido, mas dos males foi o menor, pois era mais fácil e mais barato de arrumar.

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Acabamos fazendo amizade com o mecânico “El Pelado” ou como dizemos no Brasil “O Careca”, dormimos dentro da oficina todos os dias e ele deixava um carro a nossa disposição para podermos ir ao banheiro (na oficina não tinha banheiro) e usar a internet do posto de gasolina que era bem perto. O cara era tão gente boa e queria tanto nos ajudar que achou uma kombi parada na cidade e pegamos a peça que precisávamos, mas a peça precisava ser retificada e fomos nós três (eu, Jé e o Pelado) com o carro dele a uma cidade vizinha a 350 km de distância para poder levar a peça na retifica, saímos às 04h00 da madrugada e voltamos no final da tarde do mesmo dia.

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Foram ao total nove dias, depois de arrumarmos a peça foram dois dias para a montagem do motor e enquanto isso ficamos tentando nos entender no portunhol, bebemos muita coca-cola com vinho, almoçamos um domingo na casa do Pelado, cozinhamos um estrogonofe na oficina pra eles, falamos muita besteira e demos muita risada.

O motor foi colocado no lugar, demos partida e fizemos alguns testes pela cidade, estava tudo perfeito só faltava pagar o mecânico, eis que surge mais um grande problema para resolvermos. Não tínhamos todo o montante de dinheiro para pagar o mecânico, a oficina não aceitava cartão, os bancos da cidade não permitiam saques internacionais nem em caixas eletrônicos e ficamos na oficina mais uns dois dias tentando resolver isso.

Tentamos enviar dinheiro do Brasil mas a cidade era tão pequena que não tinha um local para receber o dinheiro, entrou o final de semana novamente, os bancos pararam de fazer transações e nós ficamos mais uma vez frustrados com tudo que estava acontecendo. Mais uma vez o Pelado fez de tudo para adiantar nosso lado e nos ajudar, por fim ele conseguiu um amigo que poderia passar o cartão de crédito em seu comércio e dar o dinheiro para podermos pagar a conta da oficina. Era sábado a noite quando conseguimos resolver tudo, bebemos uma cerveja para comemorar e nos despedir do pessoal, dormimos na oficina novamente e domingo de manhã partimos seguindo nosso caminho.

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Apesar de todo o transtorno e prejuízo que tivemos foi incrível conhecer tantas pessoas do bem naquela oficina, passamos dias muito agradáveis, demos muitas risadas e já estamos sentindo falta das tardes regadas a coca com vinho e muita conversa. Queremos agradecer a todos que de alguma forma nos ajudaram e torceram para que tudo desse certo, superamos um grande obstáculo e a ajuda de todos os envolvidos foi fundamental para que continuássemos em frente.

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